sexta-feira, 31 de julho de 2015

Dor companheira

A dor não é boa conselheira, nos tira da razão, nos faz delirar, usar de impaciência pra com todos.
Porém a dor, essa mesma que faz tudo isso de ruim também nos aproxima da misericórdia do Pai.
Existem pessoas que convivem com dores diárias intensas ou não por anos e existem pessoas que vivem plenamente sua saúde mas jamais agradecem tal dádiva.
Saúde é o bem mais precioso, não a destrua, não beba, não fume, não use drogas ou remédios desnecessários, não passe a vida comendo errado, não passe a vida posando de galã seguindo modas destrutivas.
Muitos sobrevivem querendo viver, outros vivem sobrevivendo e alguns existem achando que vivem.

Dag Veloso

terça-feira, 21 de julho de 2015

Último tempo

"Naquele dia você entenderá toda complexidade dos sentimentos do seu irmão, entenderá que ele só queria sua proteção, que precisava de sua parcialidade, esperava sua ligação, talvez uma mensagem, um incentivo pra enfrentar mais uma e talvez a última etapa. Mas naquele dia você já não poderá fazer nada disso, apenas olhar pra baixo e lamentar lançando o último botão de rosa antes que a terra o cubra.
O último tempo pode ser em qualquer tempo e até que se cumpra ainda há possibilidade..."
Dag Veloso

Indo pra Santa Casa de São Paulo com Claudia Bueno, minha irmã no melhor sentido da palavra.

A última chance

Se você pode morrer em seis meses, por que não fazer desses seis meses os melhores?
Os conceitos precisam ser mudados.
Aquela história de viver hoje como se fosse último dia é muito pequeno pois pouco se pode fazer em um dia.
Estenda sua vida a um ponto que pode realizar várias coisas mas não a tanto que as possa começar amanhã.

Dag Veloso

Meu momento

Já completei 10 meses de transplante, minha vida está diferente.
Na verdade está melhorando muito.
O fato real é que a doença ainda está ativa, estou com 23% e ouvi da médica que está melhor que o esperado o que significa que em todo lugar ou momento o esperado é que eu morra... Ui!
Nunca foi muito agradável viver à sombra de constantes "ameaças" mas dei uma reviravolta nos meus conceitos.
Fiz uma faxina naquilo e naqueles que me faziam mal (se está lendo isso e já não tem contato comigo creia que está na lata do lixo também).
Parei de me importar com o que dizem.
Voltei pra igreja que gosto e não ligo se tem gente lá querendo me controlar quando vou ou não. Aliás nunca tinha pensado que isso pode ser muito divertido.
Nem te conto!
A médica foi clara que nenhum transplante poderá mais ser realizado comigo, minha resposta foi parcial e tenho que aprender a conviver com isso.
Mas pra quem viveu uma vida toda andando sobre ovos com gente idiota, penso ser o mieloma; fichinha.
Mas de repente percebi a vida melhor pois se vou morrer daqui 6 meses (ou não) preciso realizar alguns sonhos engavetados e eis que na surdina, vou caminhando e galgando obstáculos, descartando pessoas que não acrescentam nada e parando de me sentir devedora de favores que não pedi.
A vida ficou mais leve.
E o mieloma uma hora pode ser a maneira de me levar à Deus mas, com toda certeza, será bem mais humano ou menos impiedoso que os ditos humanos.
Bola pra frente pois enquanto houver vida estarei de pé.

Dag Veloso

Flávia

Há muitos meses vinha procurando uma amiga de infância.
Quando morei no Tatuapé em 1986, eu tinha a melhor de todas as amigas do mundo; Flávia.
No dia em que nos mudamos daquele prédio pra uma casa em São Miguel eu não tinha noção de que jamais voltaria a vê-la e com o passar dos anos a vida foi me mostrando o quanto ela era bem mais complicada, nada a ver com nossas brincadeiras de casinha.
A saudade aumentou e a Flávia nunca perdeu o lugar dela no meu coração.
Graças à Deus eu nunca me esqueci o nome completo dela e vivia incomodando pessoas com nome parecido pra saber se era ela.
Aí ainda há pouco voltei nas pesquisas e vi que apenas uma não havia respondido e nem lido minha mensagem. Enviei um convite e nova mensagem.
Porém o nome do meio estava abreviado e não tinha certeza se era mesmo ela.
Os amigos não conseguia ver mas algumas postagens públicas haviam curtidas e adicionei uma moça com o mesmo sobrenome que me aceitou quase que de imediato.
Falei com ela e, Meu Deus!, é a irmã dela que naquela época só tinha 4 aninhos.
Quanta emoção saber que ela está bem. Está linda. Tem um lindo bebê.
Há 29 anos eu brincava de boneca com ela no pátio do prédio que morávamos, por todo esse tempo eu não soube notícia alguma dela e hoje me sinto muito feliz por ter reencontrado uma amiga, irmãzinha de infância, amigas da inocência, dos sonhos, da plenitude da vida.
Deus é bom demais!
Muito feliz nesse momento.
Não há palavras que possam descrever o que sinto.

Dag Veloso

Empatia

Existe sempre uma maneira correta e sábia de agir, basta procurar naquilo que Jesus viveu e Ele mesmo te mostra o que Ele faria no seu lugar.
Sempre fui muito egoísta, sou a filha mais velha de 4 irmãos e única mulher, eu não precisava dividir minhas coisas e nem meu canto.
Desde nova nunca gostei de dividir nada, preferia ficar sem do que ter algo em comum com alguém.
Muito penso sobre minha reação se tivesse um filho e muito me surpreende crer que mesmo doendo no coração eu não o tiraria do convívio do pai.
Como é que sei disso, né?
Tenho a Lisa, que é só um cachorrinho e que é minha única companhia diária e há alguns meses tentei negar ao Fred (que foi quem me deu essa bênção de presente) de vê-la.
Foi um prazo de um mês (mais ou menos) e minha consciência nunca me perturbou tanto quanto naquele mês.
Eu a olhava e pensava: "Se ele a ama só metade do que eu a amo deve estar sofrendo terrivelmente."
Engoli a raiva que estava sentindo dele e voltei atrás naquela decisão infeliz.
Sempre me julguei egoísta demais e ainda me vejo assim mas não dá pra ser feliz em cima da infelicidade de alguém; não tem como.
No fim, a braveza da época passou e já nem lembro porque estava com raiva dele e hoje fico alegre ao vê-los juntos.
A gente só precisa ter empatia, cultivar esse sentimento dentro de nós pra que só aumente.
E não é fácil. Tem hora que não quero mas sei que o correto sempre é mais difícil porém é o que agrada ao Senhor.
De que adianta ir à igreja, se debulhar em choros de emoção mas não viver racionalmente aquilo que sentiu?
Deus não é bajulador, é Pai e é Pai que corrige e se não mudar suas atitudes é o mesmo que dar de ombros ao que Ele te "disse" lá na "sua" igreja.
Que Deus me ajude a ser melhor.
Dag Veloso

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Viver, morrer

Cansada de perguntar porque ou pra que, ver a rotina perfeita dos sonhos que sonhei se realizarem mas não comigo.
Esperar ser surpreendida por aquilo que já não creio existir.
Esperar e esperar...
Me sinto paralisada como que diante de um grande perigo.
Perigo de vida.
Meu medo deixou de ser morrer pra se tornar o de viver, pois tão logo vivi, logo morri...
E já não sei se mereci viver, morrer...

Dag Veloso