Coisas de Daguinha não é bem um diário virtual, diria que são coisas que sinto serem importantes pra mim e gostaria de dividir com outras pessoas. Histórias simples e verdadeiras, alguns sentimentos, algumas notas importantes e muito amor.
quarta-feira, 31 de março de 2021
quarta-feira, 10 de março de 2021
Falando de dores
Há tempos não falo sobre o que vejo.
Especialmente o que vejo no hospital.
Hoje é um daqueles dias difíceis que te faz desejar um bom banho e cama.
Mas estou aqui no meio de outros pacientes esperando ser chamada e com olhos cheios de lágrimas observando um casal.
A mulher, talvez alguns anos mais vividos do que eu, tão magra que se vê as junções dos ossos, os cabelos ralos e pretos, pele branquinha, com olhinhos pequenos quase que cobertos por uma máscara hospitalar dura e impessoal.
Ele havia entrado primeiro e foi ao guichê perguntar algo pra em seguida buscá-la, quase que a carregando. Sentou-se de frente pra ela enquanto aguardavam sua vez.
Cuidadosamente a levou para a sala ao ser chamada e ela andava lentamente, como quando adoeci anos atrás.
Não consegui suportar minha dor, minha tristeza e então chorei.
Mas não foi por ela ou por ele, foi por mim.
Porque eu só precisava entender o porquê fui abandonada em situação semelhante por quem deveria cuidar de mim como esse esposo faz.
Talvez isso pareça uma lamentação tola e sem sentido após tantos anos.
E os sentimentos são muito conflitantes dentro de mim porque eu entendo a fraqueza dele, consigo me colocar no lugar dele mas estando no meu lugar não consigo aceitar tamanho desamor, desrespeito e crueldade.
E enquanto observo me pergunto se eu seria capaz de abandonar da forma mais covarde (sem abandonar literalmente pra não enfrentar toda uma família e sociedade) alguém a quem prometi amar.
Eu tenho passado anos procurando meus defeitos e erros pra justificar e explicar o que me foi feito mas, com muita sinceridade, eu não encontro motivo que explique por mais erros que eu tenha cometido.
Deus sabe que nem mesmo o mieloma me destruiu tanto quanto ele me destruiu.
E eu tô cansada de me culpar, de justificar, de ponderar...
Eu tô cansada de conviver com deslealdade e traição, até mesmo familiar.
Eu tô cansada da lembrança dele e de quem me traz essa lembrança.
Cheguei no meu limite.
Não vou mais justificar e menos ainda carregar culpas que não são minhas.
Eu sei o que é amor e não é nada do que eu vivi até hoje e chega de ficar escondendo o que realmente sinto.
Me destruíram, sim. E não há justificativa e nem explicação pra o que me foi feito.
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