quarta-feira, 16 de julho de 2025

Ainda "This is us"

"...são as tragédias que definem nossas vidas. Elas são os postes onde o resto de nossas vidas se penduram."

Enquanto ouvia essa frase pensei novamente nas últimas coisas: 
Talvez seja este o ultimo seriado que eu assista... ou não! 
Talvez seja meu último texto escrito aqui... ou não!
Pensando nas últimas coisas penso em como as terei vivido, se de qualquer jeito, se da melhor maneira possível, com empenho, carinho ou tristeza. 
Houve um ou dois momentos em minha vida que pensei serem os últimos mas desejava ardentemente que não fossem, e pode ser que isso tenha definido aquelas passagens. 
Estou pondo a casa em ordem, me desprendendo das coisas, nem tanto das pessoas mas estou deixando tudo arrumado com elas.
Tenho seguido meu "coração", entre aspas porque não me considero muito romântica, pelo menos, não mais. 
Eu coloquei a razão adiante e tentando ser imparcial (mesmo comigo) entendi que estava na hora de ser realmente justa. 
Está tudo bem no mundo de Dag, coração limpo. 
Dos que me afastei não significa que os odeio, apenas não os quero em minha vida ou em meu fim. 
Aos que abri as portas, mesmo que não tenham passado por elas eu me despeço aqui com carinho. 
Aos que cruzaram as portas agradeço o amor e perdão. 
É certo que escrevo aqui porque sei ninguém costuma ler meu blog (risos).
Quando lerem já fui, talvez em seguida dessa data ou daqui alguns anos.
Porque não recebi um aviso de que estou de partida, isso tudo é meu corpo dolorido e castigado pedindo por alívio e descanso. 
Talvez amanhã eu acorde curada, ou apenas sem dores, talvez continue do mesmo jeito e ainda conte muitos dias pela frente.
De qualquer forma deixo aqui minha despedida, meu coração limpo, minha gratidão. 

Ao meu falecido pai a saudade, o amor, o esperançoso reencontro. 
À minha mãe; o amor, a alegria, os sonhos, o cuidado que teve comigo nesse ano em que precisei dela, A GRATIDÃO. 
Ao meu irmão Alex o meu amor, amizade, companheirismo à distância, a presença. 
Ao meu irmão Abraham, o amor, um tanto quanto maternal, o caçula, meu eterno irmãozinho que se tornou um homem de bem, cheio de bons conselhos, às vezes palavras duras porém verdadeiras. 
À minha irmã Cláudia, a irmã que Deus colocou em minha vida, que largou tudo pra cuidar de mim na UTI, que não largou minha mão enquanto eu delirava, à ela minha gratidão, meu amor... 
À minha irmã Patrícia, todo meu amor à ela que não desistiu de mim quando eu estava com depressão. 
À minha irmã Vilma, a pessoa mais peculiar que já conheci, uma amiga e irmãzinha que amo tanto. 
E, especialmente ao pastor Fernando e pastora Olasi que são meus pais na fé e que têm feito meus dias mais sábios e cheios de fé. Meu amor é de vocês e dos meus irmãozinhos, Kelly e Paulinho. 
Aos meus sobrinhos (e são tantos!!), sobrinhos e sobrinhas que adoçaram meus dias quando me chamaram de tia, a melhor das melodias, eu amo tooooodos vocês. 
São muitas as pessoas a quem deixo meu amor mas são todas as pessoas a quem deixo meu perdão. 
Sigam em paz. 

segunda-feira, 14 de julho de 2025

This is us

Um domingo e uma noite insone pelo incômodo da dor nos ossos e resolvi maratonar uma série que já vinha assistindo intercalada com outras coisas pra não surtar de emoção. 
Na verdade, eu já sabia que era uma série tocante e já a havia chamado de uma poesia em forma de série. 
Ainda não cheguei ao fim mas deu vontade de registrar meu sentimento em relação à ela.
É um poema, dos mais perfeitos que poderia ler, porque se trata de conflitos reais do ser humano, visões diferentes de pessoas vivendo as mesmas coisas, influenciadas pelas mesmas condições e reagindo de formas diferentes, peculiares...
Entre risos e lágrimas, me identificando com algumas situações, surpresa por outras inimagináveis, me peguei vivendo a história como se a estivesse lendo de um livro.
Definitivamente a série mais incrível que já assisti, me tocou a alma, me fez sentir coisas como que numa montanha russa, me apontou questões não respondidas dentro de mim, me mostrou outras, respondeu algumas apesar de ser apenas um filme. 
É que você se pega esperançosa de que a complexidade humana pode esconder motivos impensáveis sobre atitudes extremas, de repente entende que nem sempre as coisas são preto no branco e está tudo bem. 
A mente que escreveu esse roteiro foi inspirada por Deus e me perdoem dizer isso, é apenas um filme mas um filme tocante que de modo algum poderia ser inspirado por algo ruim.

terça-feira, 3 de junho de 2025

Agora

No Estadual, esperando a quimioterapia chegar e voltar pra casa, pra Lisa e pra Kitty.
Vontade de chorar.
Não é sempre que acontece mas às vezes vem uma vontade quase incontrolável de chorar.
As dores continuam há um ano e meio mas já em menor intensidade. 
Segunda dose do sexto ciclo de bortezomibe com decadron e nada.
Sinto-me fraca e ao mesmo tempo forte, vitoriosa e como que morrendo na praia ao mesmo tempo.
Confesso que já gostei mais de viver e nem tanto agora.
É, agora estou vestindo as melhores roupas, usando meu perfume favorito, na verdade um dos mais, e a única coisa que me faz querer voltar viva pra casa são meus bichinhos que só têm à mim.
Eu sei bem o que é depender de alguém e em seguida ser deixada totalmente desamparada e não posso deixar minhas duas princesinhas de patas.
Então enquanto observo pessoas tomando drogas pra sobreviver me pergunto como consegui chegar ao ponto de que tudo que me faz querer viver são dois animais. 
Sinto falta do meu pai.
Já fez um ano e me sinto sem vida pela partida dele. 
Agora as lágrimas já rolam e me sinto vulnerável além do aceitável. 
Todos aqueles ferimentos se tornaram calos, uma proteção talvez. 
Os calos, geralmente, nos deixam feios e o que é a vida senão um grande trauma, um acidente que nos expõe às piores dores? 
Eita! Faz tempo que não fico assim, faz tempo que não me permito a tal fraqueza. 
O jeito é levantar e seguir. 

Dag Veloso