2012 está acabando e foi um ano incrível, não posso reclamar pois foi um bom ano mesmo com as dificuldades.
Desde fevereiro quando aniversariei me foi dito que seria meu ano, uma nova história começava a ser escrita e Deus me restituiria algo perdido.
Foram muitas coisas que perdi mas nem todas eram pertencentes à mim e se foram tarde, e não fazem falta.
A única coisa que sei que é minha e me foi tirada, foi a saúde, o resto que perdi nada era meu, de fato.
Minha história começou a mudar uma semana após meu aniversário quando no hospital em que fazia tratamento fui destratada por uma médica. Naquele dia eu fiquei tão perdida que me sentei num canteiro de frente ao estacionamento do hospital e com a cabeça entre meus braços cruzados chorei como uma criança perdida da mãe. Naquele momento em meio ao choro, orei à Deus pedindo que me tirasse dali pois não aguentava mais tanta pressão e tanto descaso.
Não precisei brigar, apenas encontrei nas pessoas o auxílio do próprio Deus que me tirou de lá no mesmo mês.
Eu espero que um dia os médicos entendam que, nós pacientes, somos seres humanos e temos medos, temos ansiedades, incertezas, instabilidades emocionais; ora por medicamentos, ora pela doença, ora por insegurança mesmo. Não entendo como seres humanos com tanta habilidade, tanta inteligência podem nos tratar como se não existíssemos, como se fôssemos nada.
Na minha lista de coisas a serem realizadas, essa é uma delas, que os médicos nos sintam como seres humanos que querem confiar neles, que precisam deles, que precisam de defensores reais, pessoas que lutem por nós porque estamos fragilizados no meio de nossa guerra íntima com um inimigo que nos consome sem misericórdia alguma.
Mas foi após aqueles dias tão decisivos que eu passei a ver portas se abrirem, oportunidades, pessoas e passei a me ver como um ser humano autêntico, coisa que o mieloma não me deixava mais ver.
Quando se tem uma doença, principalmente se for incurável, você se funde à ela, faz parte dela e ela de você, não deveria ser assim mas é o que acontece com algumas pessoas (aconteceu comigo) e depois de um tempo fica impressionado quando entende que ela não faz parte de você, nunca fará, é uma intrusa e deve ser despachada o quanto antes.
Por algum tempo eu me fundi e confundi com o mieloma mas ele não é Dagmar, é só uma doença que não me acrescentou nada, apenas pude, através da situação, aprender coisas e conhecer pessoas muito importantes.
2012 foi marcado por novas esperanças, novas sensações de medo, alegria, raiva, amor, paixão, decepção, pude sentir a vida durante todo esse ano, senti minha existência pura e simples a cada dia.
Experimento agora uma nova sensação, a expectativa pelo próximo ano. Nunca em toda minha vida tive tanta ansiedade pelo novo ano, por saber o que será, que história escreverei, que tipo de situações Deus me permitirá viver, que milagre acontecerá...
Estou com medo de 2013?
Pra ser sincera eu não queria que o ano acabasse, meus dias foram bons e não tenho pressa do amanhã mas eles correm com uma agilidade sem par e agora estamos às portas de um novo ano. Não há como retroceder, apenas ir em frente.
Estou desejosa de uma vida melhor e hoje em dia existe apenas um único sonho que preciso realizar pra dizer que valeu a pena tudo isso mas ainda nem sombra dele.
Quem sabe em 2013?!
Meu Deus! Abençoa meus dias, seja minha saúde, seja minha paz, seja meu tudo.
Dag Veloso
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