terça-feira, 22 de setembro de 2015

Morrendo na praia

As manchetes:"Criança síria encontrada morta na praia."
Eu: Homem brasileiro encontrado vivo numa calçada de São Paulo.
A única diferença que vejo é que um ainda vive porém está "morto" na "praia" da nossa sociedade.
Te pergunto: só quando a vida acaba que você se comove?
Ou será porque é mais fácil lamentar os mortos que não dá pra ajudar e ignorar os vivos pra não ter que ajudar?
Pra pensar, né?

Tirei essa foto hoje 22/09/2015... Estava um ar gelado apesar dos 18 graus pois eram 07:18 da manhã e nenhum sol batia nessa calçada. O que chamou minha atenção foi a semelhança da posição desse homem com o garoto sírio.
E o que me assusta é a hipocrisia dos brasileiros que se comoveram com a criança morta por conta das loucuras de seu povo enquanto não se comovem com os nossos cidadãos que morrem pela loucura da nossa "nação".

Dag Veloso

sábado, 19 de setembro de 2015

Levantando acampamento

Você tem problemas e nada muda porque talvez seja o momento de você mudar.
A vida é muito mais do que dinheiro e, às vezes, uma vida humilde é mais valorosa do que uma abastada, às vezes tem que pagar pela liberdade pra ser feliz.
Sabe quando as pessoas te cansam com os mesmos assuntos e problemas?
Pois é, elas não têm que mudar mas sim você.
Aprendi a não me importar pois o que pensam de mim não me compete saber e nem me desgasto tentando provar o contrário.
Quando namorei o Fred, ficava magoada com o que falavam a meu respeito e deixei isso atrapalhar nossa vida e no fim todos continuam como estão e eu também; sozinha. Me parece que estou como queriam, manipulada por me importar demais com o que dizem ou pensam.
Hoje as resoluções sobre minha vida são minhas, enquanto perdem o tempo falando vou passando com minha caravana e nem tchau preciso dar pois estão muito ocupados discutindo sobre mim.
Eu espero nunca ser tão "resolvida" quanto essas pessoas pois não me interessa discutir os problemas alheios.
Hoje cuido de minha vida e não estou nem aí pra eles, aliás quando falam só concordo pois os médicos sempre dizem pra não contrariar os loucos.
hahaha
Adorooooo ser assim!
Se tivesse sido assim sempre talvez não tivesse câncer, então bola pra frente e largue os cães latindo pelo caminho.

Dag Veloso

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O segundo TMO

No dia 15 de setembro de 2014 arrumei minha mala e viajei sem acompanhante pra enfrentar aquilo que mais me dava medo; o transplante de medula óssea.
Eu estava tranquila apesar dos medos comuns a quem já havia passado pela experiência.
Me ocorreu que após ter encarado sozinha aquilo que mais me dava medo não há porque temer mais nada.
E, se eu fui capaz, você também consegue.
Por mais medo que alguma situação te imponha, você é forte suficiente pra vencê-la.
Bom dia amigos!
Dag Veloso


No dia 18 de setembro de 2014 recebia o transplante de medula óssea.
Eu estava sozinha na Santa Casa de São Paulo. Viajei na madrugada do dia 15 pra 16 com uma mochila e uma mala e não quis a companhia de amigo ou familiar pois sentia que precisava fazer aquilo sozinha.
Eu tive medo, sim, mas o enfrentei e era essa minha intenção; enfrentá-lo e assim vencê-lo.
Antes do transplante passei pela psicóloga Dra. Denise no próprio hospital e após a conversa ela me disse que nunca havia conhecido alguém tão bem resolvido com a doença e a morte porém nitidamente eu demonstrava despreparo para a vida.
Realmente tenho facilidade em decidir sobre as questões relacionadas ao tratamento e tenho consciência de toda morte que há em todos nós, ou seja, a vulnerabilidade da vida.
Em contrapartida não tenho a mesma facilidade com respeito à decisões inerentes à vida.
Passei por consulta com a Dra Maria Tereza Madalena que numa única conversa percebeu o mesmo que a Dra Denise e começamos um trabalho de auto-conhecimento, creio que posso chamar assim.
Numa segunda conversa pude, ao me ouvir, entender que de nada tenho que ter medo e afinal, o que eu teria a perder?
Ah sim! Sempre temos algo a perder mas talvez os benefícios da luta sejam maiores do que aquilo que achamos ser importante perder.
Assim eu fui e vou.
Estou caminhando e estou orgulhosa daquilo que tenho feito.
E não há melhor presente do que sentir a presença de Deus confirmando nossas decisões.
Hoje eu estou feliz.

Dag Veloso

domingo, 13 de setembro de 2015

Pedra bruta

Ele nasceu de alguém, talvez tenha dado vida à alguém, ele é alguém.
O homem todo sujo com suas havaianas brancas se encantou com a menininha dormindo no carrinho. Por um momento pude ver o rosto maltrapilho dele e seus olhinhos azuis sofridos brilhavam com o sorriso de quem contempla algo maravilhoso. Ficou ali por mais de 5 minutos e não dizia nada mesmo quando pareceu que diria, se conteve.
Eu não consigo não notar a beleza que existe em todo ser humano, alguns como pedras brutas que necessitam ser lapidados.


Dag Veloso

(Santa Casa de São Paulo)

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Invisível

Tive que aprender a me defender sozinha, muitas vezes fazendo do jeito errado, magoando pessoas imerecidamente até.
Mas apesar de eu acreditar que esteja conseguindo me cuidar tem hora que queria imensamente a proteção ou talvez só o colo do meu pai, queria que ele acreditasse em mim, que me admirasse como tantas outras pessoas, que não me comparasse com quem é visivelmente mais inteligente, destemida ou bem sucedida.
Faz diferença pra mim o fato de pessoas que amo saberem minha cor preferida ou que tenho medo de encarar a vida e me sinto totalmente despreparada pra ela.
Eu me sinto invisível.
Alguém se sente assim?

Dag Veloso

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Contrastes

Assisti um vídeo de um sírio chorando a morte de seus filhos pequenos, vi uma foto de uma criancinha siria morta, deitadinha como que dormindo, toda desprotegida e de repente ficou tudo sem sentido...
Aí pergunto: Que há de bom aqui, se nossas alegrias contrastam com a angústia de outros?
Que tipo de seres somos nós que rimos ou reclamamos de nossas vidas quando temos uma boa cama e podemos comentar o assunto sob o ventilador de teto?
Totalmente sem sentido a minha vida, a de todos que conheço. Não valemos nada, somos os mais miseráveis dos seres.
Me sinto enojada de mim, de você e de toda a humanidade.
Hoje estou ansiando me encontrar com Jesus.

Dag Veloso