Quem não tem "saco" para algumas verdades inconvenientes, como diria o biodegradável Al Gore, é melhor parar por aqui. Bom. Dado o aviso, siga adiante por sua conta e risco. No tempo do politicamente correto, a onda é navegar em campanhas ecológicas bem produzidas e que possuem um forte apelo emocional. Nelas, o cidadão é arrebatado pelo chamado da consciência e motivado a contribuir heroicamente para a salvação do planeta.
Campanha: USE MAIS PAPEL HIGIÊNICO E GANHE ECOBAGS! Muito bonito. E muito inútil e ardiloso também. Inútil porque em momento algum essas campanhas instigam o consumidor a refletir sobre o seu padrão de consumo. Sobre a real necessidade de adquirir esse ou aquele produto. Ardiloso porque, na base dessas campanhas, está um preceito muito caro para as empresas: o consumo. Então, munidos de apelos sentimentais, os marqueteiros se lançam a convencer o consumidor a comprar produtos ecologicamente corretos. Eu disse e repito: comprar! E ai está o segredo que sustenta o interesse da maioria das empresas nessa onda ambientalmente correta: comprar mais. Elas descobriram um novo filão para aumentar as suas vendas e, de quebra, ainda dão um suporte psicológico para que o consumidor possa gastar seu dinheiro acreditando que o está fazendo por uma boa e justa causa. Aposto que o leitor nunca viu um anúncio dizendo: Você vai trocar de carro? Não, não faça isso. Será que o seu carrão não dura mais um pouco? Faça revisão, mas não compre um novo agora, não. A realidade é outra. A mensagem do anunciante é: COMPRE, COMPRE, COMPRE. Lamento caro leitor, mas na onda do politicamente correto, você faz o papel de trouca. Ou pelo menos é assim que muitas empresas e certas ONGs enxergam você. E o que as sacolas plásticas tem a ver com isso? Elas, as sacolas plásticas, ilustram bem o sentido mercantilista por trás de tais campanhas ecológicas. Elevadas a categoria de vilãs da ecologia, as sacolinhas mereceram até um contra-ataque governamental: a campanha "Saco é um saco", do ministério do Meio Ambiente, na época em que o seu titular era o ministro Colete Minc. Pois bem. Nem vou entrar no especular e alaboradíssimo mérito criativo do nome dessa campanha. Mas o fato é que se gastou dinheiro público para convencer o consumidor a pagar por algo que antes ele tinha de graça, ou quase isso: sai a sacola plástica e entra a ecológica EcoBag! Os supermercados agradecem de joelhos. Agora podem vender EcoBags coloridas, e aumentar seus lucros, ao invés de disponibilizar para o consumidor as tais sacolinhas. Mais uma vez, muito bem. Muito bonito. Só que inútil e ardiloso. Ardiloso porque o Ministério do Meio Ambiente optou por seguir, mais uma vez, o caminho da espetacularização e do apelo midiático ao invés de promover a reflexão ambiental no consumidor. Para o MMA, foi mais fácil colocar a culpa das desgraças ambientais brasileiras nas pobres sacolinhas, do que investir em educação ambiental nas escolas. Inútil porque esse tipo de campanha, apesar de ter receptividade na sociedade, não contribui em nada para melhorar os nossos índices de qualidade ambiental. Pode, inclusive até piorar. É o que aponta que o PEAD (Polietileno de Alta Densidade), utilizado para fabricar as sacolas plásticas, é muito menos nocivo ao meio ambiente do que as matérias-primas utilizadas na fabricação das Ecobags. E põe menos nocivo nisso: o PEAD é 200 vezes menos prejudicial ambientalmente e emite apenas um terço de CO2 se comparado as Ecobags. Para quem deseja conhecer melhor o relatório do governo britânico, basta acessar: http://publications.environment-agency.gov.uk/dispay.php?name=SCHO0711BUAN-E-
E, concorde ou não o leitor, o fato é que nos faltam políticas públicas eficientes e honestas para enfrentarmos os desafios ambientais que temos pela frente. No meio ambiente ainda está valendo a máxima da política: fazer esgoto ninguém quer porque não aparece e, consequentemente, não vende votos. Continua sendo mais fácil, e mais convincente, fazer campanhas inúteis e passageiras, do que investir em reciclagem ou em legislação de resíduos sólidos. É mais vantajoso culpar sacolinhas plásticas do que multar (e desagradar) empresas mentirosas e irresponsáveis ambientalmente. Não estou aqui fazendo apologia da sacola plástica. Longe disso. Mas até hoje não consegui ter coragem para colocar o cocô do meu cachorro ou o lixo da cozinha dentro de uma EcoBag. ...
Matéria retirada do site estadão.com.br
Opinião pessoal de Dag Veloso:
Você achou mesmo que ia salvar o planeta deixando de usar as sacolinhas plásticas? Ué! Você passou a colocar o lixo onde? Não foi em sacolas de papel, foi? Ah sim! Você passou a comprar sacos de lixo, feitos de quê mesmo?
Muitos me criticaram porque ainda continuei pondo meu lixo dentro das tais sacolinhas, engraçado que os mesmo que me criticam não conseguem ir até a padaria sem ser de carro... ah é! Deixaram de usar sacolinhas pra compensar a poluição do carro...
E os empresários, políticos, a minoria que forma a elite brasileira, que continuam fazendo tudo pra poluir enquanto nós temos que economizar até água? Eles não acreditam que um dia a água vai se acabar? Claro que acreditam mas eles vão ter dinheiro pra comprar água, dinheiro que tiram dos trouxas que ficam gritando por causas estúpidas e sem sentido.
Ah tá! Você pensa que também acaba água nos bairros ricos de sua cidade? Acredita também no papai Noel?
A gente não pode lavar nosso quintal e calçada suja pela poluição e fuligens vindas das empresas deles porque somos ameaçados com multas mas eles, não economizam nada e nem precisam se preocupar com futuro. Passa num bairro chique pra ver se tem sujeira na calçada deles, normalmente pelas manhãs, você encontra a empregada lavando a calçada, fazendo vassoura d'água, até. Mesmo que um dia a água se torne algo inacessível à todos, não será inacessível à eles.
E agora as sacolinhas plásticas que eu uso pra jogar o lixo, tenho que pagar... acho que era tudo que eles queriam fazer... Gostou?
Dag Veloso
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