40 anos.
Pois é; eu cheguei.
Hoje completo 40 anos.
É um misto de sentimentos onde prevalece a surpresa.
Penso com certa dor em coisas que não fiz as quais fariam orgulhar-me de mim, penso nas coisas que pretendo realizar, penso nesses onze anos de luta contra o mieloma e parece que vivi tanto.
É assustador, é surpreendente e é notável eu ainda estar aqui.
Minha vida é marcada pela sobrevivência e não sei até que ponto isso é bom ou mesmo ruim.
Às vezes me sinto destemida e outras vezes tenho tanto medo.
Hoje não sinto o gosto dos 40, aliás nem lembro de ter sentido dos 30 e talvez eu passe toda minha vida contando os dias como se fossem o primeiro e o último.
O sentido de tudo isso eu desconheço.
O sorriso mascara minha dor como maquiagem a esconder imperfeições.
Soprarei as velas e nelas a menina de 8 anos ainda estará a pedir pela própria família, exatamente como há 32 anos.
Sou a mesma menina, porém presa em corpo surrado, pequena em corpo crescido, tentando sobreviver em meio a imensa insatisfação de conhecer a realidade humana.
E é tudo fascinante mesmo sendo horripilante.
Continuarei minha contagem... 41, 42, 43 e... será?
Te conto quando chegar lá.
Dag Veloso
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