sábado, 30 de abril de 2011

Ai!

O choro da criança parou e nem consegui saber de onde vinha mas um longo AI! saiu de uma sala de quimio terapia e não foi possível identificar se o gemido vinha de um homem ou mulher. A voz que expressava toda aquela dor estava rouca. 
Qual a dor dessa pessoa?
Eu não sei, nem sequer posso vê-la de onde estou mas sei que essa expressão é bastante usada e ouvida por aqui e nunca sai do mesmo jeito. 
A palavra é a mesma mas a dor que ela denota nunca.


Na pré-consulta estava na sala um casal idoso, ela de pé e ele sentado. O senhor muito magro mas bem cuidado estava com falta de ar mas mesmo assim de vez enquando se levantava com dificuldade e dava uma meia dúzia de passos e voltando se sentava de novo. 
Ao terminar o atendimento Cássia, a enfermeira, avisou que traria uma cadeira de rodas pra que ele fosse levado ao consultório, antes mesmo de sair a senhora negou e disse que ele não aceitava a cadeira de rodas.
Aquele senhor ganhou minha admiração. Tão frágil e tão determinado. 


Ainda outro gemido de dor, outro Ai, agora identifico ser de um homem. Sua agonia me reporta ao tempo em que eu sofria sem pronunciar ou gemer e por nem sempre ser isso algo possível, posso imaginar alguma dor dele. 


Dag Veloso

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